09 dezembro 2011

O que eu peço é que você seja sempre de verdade também. Que me queira assim, imperfeita e cheia de confusões. Que saiba os momentos em que eu preciso de uma mão passando entre os fios de cabelo. Que perceba que às vezes tudo o que eu preciso é do silêncio e do barulho da nossa respiração. Que veja que eu me esforço de um jeito nem sempre certo. Que veja lá na frente uma estrada, inteiramente nossa, cheia de opções e curvas. E que aceite que buracos sempre terão.

08 dezembro 2011

Definitivamente, virando a página

Desamarra devagar os últimos laços, como quem se despe, sem pressa, e deixa deslizar na superfície da pele essa roupa desgastada dos dias. Cansou de ser outono nos olhos. Mergulhou e emergiu de novo nome. Batismo de profeta. O movimento. A mudança. Na tormenta, sempre se pode andar sobre as águas. Ou mergulhar nelas, bem fundo.

[Cecília Braga]

28 julho 2011

Pública agonia da morte anunciada

Nossa sociedade judaico cristã elogia o mártir, glamouriza a dor, super estima o sofrimento de tal modo que chega a ser sádica. Que a tragédia é campeã nas manchetes nós sabemos mas é triste demais assistir a morte de uma jovem talentosa como Amy Winehouse que apesar de ser rica e famosa (ideal de vida de muita gente), se matou. A moça de linda voz que podia tudo, parece que nos disse com sua existência, que a vida lhe doía insuportavelmente e que mesmo tendo aonde soltar seu canto, estourou como as cigarras. Beber até desmaiar pode nos dizer que aquele ser não suporta estar diante da vida e de seus conteúdos intensos sem estar para esta mesma vida anestesiado. Da mesma anestesia parecia precisar o nosso Michael Jackson cujos analgésicos eram condição sine qua non para que nosso astro internacional pudesse “levar” a vida. A ilusão de poder irrestrito que a fama e o dinheiro nos fazem crer que temos deixa uma lacuna que nos prova sua ineficiência: por que se matar se se pode ter tudo o que se quer? Não se pode ter tudo, é bom esclarecer. E me chama especial atenção que apesar da possibilidade econômica de poderem se tratar nas melhores clinicas do mundo e de terem a seu dispor melhores profissionais da saúde, esses pobres heróis sucumbem em praça pública sob os aplausos de seus fãs e ninguém percebe a doença grave exposta a todos. Ninguém vê a ferida aberta, a angústia espumante à nossa frente. Não sabemos da intimidade verdadeira da vida de Amy, mas imagino que devesse até interessar a alguns sua crônica embriaguez , a falta de noção para fazer contas ou cuidar dos limites que também circundavam sua arte. Com mente confusa é mais fácil ser explorado, usado, roubado. Porque a deixavam entrar em cena assim? Cadê o produtor, o amor, a família, os amigos? No imenso palco de sua solidão voraz a moça agonizou e sua não secreta agonia teve cumplices sórdidos. Talvez sua grana calasse a boca dos que viam o abismo cada vez mais irreversível para onde ela caminhava e não a advertira nem dela cuidara, para não perder a mordomia, para não contrariar a rainha e ganhar seu desafeto ao invés de caros e desmedidos agrados. Não posso afirmar, porque não vi acontecer, mas não duvido nada que até nas inúmeras clínicas pelas quais passara, não tenha aparecido um enfermeiro ou médico que, diante de suas ofertas irresistíveis e ilimitadas, ou mesmo por um simples autógrafo, não lhe tenha deixado de oferecer suas doses proibidas ali dentro.

 Quando Cássia Eller morreu, fiquei viúva dela. Sofri como um parente. Chorava inconsolável lamentando a injusta morte prematura de uma tímida maravilhosa , que saiu de um barzinho com um banquinho e um violão pra virar pop star. De repente se dera conta que aquilo, do jeito que acontecia, não era pra ela, era demais pra sua alma imprevisível o competitivo mercado e suas cruéis exigências. Cássia cheirou, chorou desesperada, bateu a cabeça na quina da madrugada e a gente não fez nada. Da mesma maneira vimos Amy gritar seu desespero: em junho fora vaiada na Sérvia por estar muito bêbada em cena, sem ter noção de que estava ali para oferecer um produto (sua voz bela e belas canções) para quem tinha pago pra vê-la. Em três dias da semana de sua morte bebera, mamara sua vodca até desmaiar. Era o seu canto mudo , seu grito de socorro desesperado que o mundo não escutou. Estávamos ocupados em cultuar sua dor.

Elisa Lucinda [sempre linda]

19 maio 2011

E graças a minha amiga Rachel, esse vídeo alegrou meu coração.
Cantarolei o dia inteiro e contagiei ainda mais pessoas...
Entrou na minha vida, se instalou no meu coração e não sai tão cedo!
Ah, o amor!!


Recheada de coisas boas dentro desse coração...
Lu Cristina

18 fevereiro 2011

Bittersweet Symphony

Existem músicas que ultrapassam as barreiras que criamos dentro do nosso infinito particular.
Tenho várias delas dentro de mim.
Várias que conseguem ultrapassar essa barragem natural.
São essas músicas que me dão força, de alguma maneira, para continuar a caminhada diária, que me fazer esquecer algumas amarguras, que me fazem sorrir, me deixam feliz, me deixam triste, me fazem chorar, expulsam demônios, clamam por anjos.
Bittersweet Symphony (Sinfonia Agridoce) é uma delas.
Se minha vida tivesse trilha sonora, começaria por ela.
Seria tocada várias vezes no meio
E gostaria que fosse tocada no fim.
(Como um filme que passa diante dos olhos, pra fazer lembrar tudo que consegui viver e construir.)




'Cause it's a bittersweet symphony, this life
Try to make ends meet
You're a slave to money then you die
I'll take you down the only road I've ever been down
You know the one that takes you to the places
where all the veins meet yeah,
No change, I can change
I can change, I can change
But I'm here in my mold
I am here in my mold
But I'm a million different people
from one day to the next
I can't change my mold
No, no, no, no, no
Well I never pray
But tonight I'm on my knees yeah
I need to hear some sounds that recognize the pain in me, yeah
I let the melody shine, let it cleanse my mind, I feel free now
But the airways are clean and there's nobody singing to me now
No change, I can change
I can change, I can change
But I'm here in my mold
I am here in my mold
And I'm a million different people
from one day to the next
I can't change my mold
No, no, no, no, no
I can't change
I can't change
'Cause it's a bittersweet symphony, this life
Try to make ends meet
Try to find some money then you die
I'll take you down the only road I've ever been down
You know the one that takes you to the places
where all the things meet yeah
You know I can change, I can change
I can change, I can change
But I'm here in my mold
I am here in my mold
And I'm a million different people
from one day to the next
I can't change my mold
No, no, no, no, no
I can't change my mold
no, no, no, no, no,
I can't change
Can't change my body,
no, no, no
It justs sex and violence melody and silence
It justs sex and violence melody and silence
(I'll take you down the only road I've ever been down)
It justs sex and violence melody and silence
(I'll take you down the only road I've ever been down)
Been down
Ever been down
Ever been down
Ever been down
Ever been down
Have you ever been down?
Have you ever been down?
Have you ever been down?

[The Verve]

30 janeiro 2011

30 de Janeiro - Dia da Saudade

Um pouco de tudo de mim, esquecido na poeira dos dias...


Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu.
[Caio Fernando Abreu]


"Ah, tem gente que é poema!"
[Elisa Lucinda]


"Nada mudou. Tu continuaste distante e eu continuei a tentar aceitar a tua distância. Não me restava outra alternativa."
[Margarida Rebelo Pinto em Diário da tua ausência]


"Sumi porque não há o que se possa resgatar. Meu sumiço é covarde mas atento, meio fajuto meio autêntico. Sumi porque sumir é um jogo de paciência, ausentar-se é risco e sapiência. Pareço desinteressado, mas sumi para estar para sempre do seu lado, a saudade fará mais por nós dois que nosso amor e sua desajeitada e irrefletida permanência."
[Martha Medeiros]


"É por recearmos decepcionar os outros que embarcamos, tantas vezes no navio errado."
[Rita Ferro em Não me contes o fim]


"Quem espera sempre espera. Quem alcança é quem vai atrás."
[Marcelo Rubens Paiva via Twitter]


"Dar-se alta é reconhecer,com alivio, que o que parecia doença era apenas uma ansiedade natural diante do desconhecido"
[Martha Medeiros]


"A raiva é um veneno. Devora-te por dentro.
Pensamos que o ódio é uma arma que ataca a pessoa que nos fez mal. Mas o ódio é uma lâmina curva. E o mal que infligimos, infligimo-lo a nós prróprios."
[Ritch Alaom em As cinco pessoas que encontraremos no céu]


"Amor será dar de presente ao outro a própria solidão?
Pois é a última coisa que se pode dar de si."


"Saudade é um dos sentimentos mais urgentes que existem..."


..."A vida me fez de vez em quando pertencer, como se fosse para me dar a medida do que eu perco não pertencendo. E então eu soube: Pertencer é viver. Experimentei-o com a sede de quem está no deserto e bebe sôfrego os últimos goles de água de um cantil. E depois a sede volta e é no deserto mesmo que caminho."
[Clarice Lispector]


"Tenho em mim todos os sonhos do mundo."
[Fernando Pessoa]


E assim, vou caminhando com a imensa vontade de viver um dia de cada vez.
Essa sou eu, contraditória: Felicidade e tristeza - dentro do mesmo time - como diria um certo compositor poeta!


By
LC